Entrevista a Fabíola Freitas, Gestora de I&D da Wada Solutions
Quando entrei no curso de Engenharia do Ambiente tinha como objetivo trabalhar nas áreas relacionadas com impactes ambientais ou com o ordenamento do território. Contudo quando tive a cadeira de Sistemas de Abastecimento de Água e Drenagem de Águas Residuais, percebi que esta era a área que realmente me fascinava. Estes sistemas representam uma componente vital para a nossa sociedade, pois garantem que a água chega em quantidade e qualidade às nossas casas, para suprimir as nossas necessidades mais básicas. Adicionalmente contribuem para a preservação da saúde pública e a segurança coletiva através do reencaminhamento das águas pluviais e residuais para um destino final adequado.
Após a conclusão do curso tracei como objetivo profissional trabalhar no setor da água. Felizmente, a Wada estava à procura de alguém motivado pela área. Encontraram o meu perfil no LinkedIn, e convidaram-me para liderar a componente técnica da empresa.
Neste meu pequeno percurso profissional, diria que o momento mais emocionante foi efetivamente quando nos comunicaram que a candidatura do Water Data Solutions (WDS) tinha sido aprovada. O WDS é uma grande ambição da Wada e o financiamento permitiu-nos diversificar os recursos para alavancar este projeto de grande dimensão e de elevada complexidade tecnológica.
Pessoalmente, nutro um carinho especial por este projeto porque permite-me trabalhar diretamente com o setor da água numa componente de desenvolvimento tecnológico e com objetivo de resolver problemas do setor. Dado o desafio, permite-me também crescer profissionalmente em diferentes vertentes pois assumo as funções de gestão e liderança como líder de consórcio, de alinhamento do projeto com os objetivos comerciais da Wada como Product Owner e por fim o desenvolvimento de várias tarefas de I&D como engenheira. Desta forma, o projeto tem representado um contínuo de momentos emocionantes, que me permitem desafiar-me dia após dia.
O WDS foca-se essencialmente nas fugas de água. O nosso objetivo é ajudar as entidades gestoras a localizarem as fugas com maior celeridade e precisão. Isto irá permitir minimizar os recursos inerentes à procura ativa de fugas, sejam estes monetários, materiais ou de alocação de recursos humanos, tornando o processo desde a deteção da fuga até à sua reparação mais eficiente.
Esta eficiência permite que menos água seja perdida antes de chegar à casa dos consumidores. Se menos água for perdida será necessário tratar e bombear menores volumes de água, o que consequentemente permite minimizar as emissões de CO2 geradas por estes processos. Mas mais importante, diria que é mesmo a redução do desperdício de água, um recurso cuja gestão levanta cada vez mais desafios devido à crescente demanda e às alterações climáticas.
O desenvolvimento de sensores da qualidade da água com menores necessidades manutenção e de substituição de reagentes irá permitir reduzir os resíduos gerados pelo descarte de componentes amovíveis.
O projeto encontra-se em pleno desenvolvimento tecnológico pelo que muitos dos desafios estão a ser ultrapassados neste momento.
O desafio mais interessante que temos em mãos é garantir que o local da fuga de água é indicado com a maior precisão possível e com um pequeno número de sensores. Não é viável para uma entidade gestora colocar sensores em toda a rede de distribuição de água. As soluções existentes são extremamente dispendiosas e obrigam que os equipamentos sejam colocados a poucos metros de distância entre si. Com recurso a machine learning, o WDS irá permitir localizar fugas com precisão e a um preço competitivo.
Estamos a iniciar o desenvolvimento de um projeto de qualidade da água em parceria com a CRON., uma Startup Studio de Coimbra. Este projeto visa a complementar os sensores para a qualidade da água desenvolvidos no âmbito do WDS e alargar a oferta da Wada nesta vertente.
Também estamos a trabalhar ativamente no desenvolvimento de novos consórcios nacionais e internacionais para investigação & desenvolvimento aplicados nas áreas da localização de fugas e a nível da monitorização da qualidade de água nas redes de distribuição de água.
1.6 A sua experiência com os Fundos da União Europeia… fizeram a diferença?
Sem dúvida! Como referi previamente, os fundos permitiram-nos alavancar este projeto de I&D com outra capacidade. Sem os fundos, o projeto teria sido desenvolvido na mesma, contudo existiriam desafios económicos e técnicos que hoje não se colocam. O desenvolvimento em copromoção permitiu constituir um consórcio com o CeNTI e a Universidade de Aveiro que complementam as valências da Wada e elevam a exigência técnica do projeto.
Na minha opinião, estes fundos são muitos importantes para as empresas pois permitem aumentar a competitividade do tecido empresarial português, através de investimento e incentivo ao desenvolvimento de projetos inovadores.