Entrevista a Fabíola Freitas, Gestora de I&D da Wada Solutions

A propósito do Dia Internacional da Mulher conversamos com algumas responsáveis por projetos cofinanciados pelo COMPETE 2020, como é o caso de Fabíola Freitas, Gestora de I&D da Wada Solutions no âmbito do projeto WDS – Water Data Solutions. 
 
 
1. Entrevista
 
1.1 O que a atraiu para este mundo profissional?

Quando entrei no curso de Engenharia do Ambiente tinha como objetivo trabalhar nas áreas relacionadas com impactes ambientais ou com o ordenamento do território. Contudo quando tive a cadeira de Sistemas de Abastecimento de Água e Drenagem de Águas Residuais, percebi que esta era a área que realmente me fascinava. Estes sistemas representam uma componente vital para a nossa sociedade, pois garantem que a água chega em quantidade e qualidade às nossas casas, para suprimir as nossas necessidades mais básicas. Adicionalmente contribuem para a preservação da saúde pública e a segurança coletiva através do reencaminhamento das águas pluviais e residuais para um destino final adequado.

Após a conclusão do curso tracei como objetivo profissional trabalhar no setor da água. Felizmente, a Wada estava à procura de alguém motivado pela área. Encontraram o meu perfil no LinkedIn, e convidaram-me para liderar a componente técnica da empresa.

 
1.2 Qual foi o momento mais emocionante no seu trajeto profissional?
 

Neste meu pequeno percurso profissional, diria que o momento mais emocionante foi efetivamente quando nos comunicaram que a candidatura do Water Data Solutions (WDS) tinha sido aprovada. O WDS é uma grande ambição da Wada e o financiamento permitiu-nos diversificar os recursos para alavancar este projeto de grande dimensão e de elevada complexidade tecnológica.

Pessoalmente, nutro um carinho especial por este projeto porque permite-me trabalhar diretamente com o setor da água numa componente de desenvolvimento tecnológico e com objetivo de resolver problemas do setor. Dado o desafio, permite-me também crescer profissionalmente em diferentes vertentes pois assumo as funções de gestão e liderança como líder de consórcio, de alinhamento do projeto com os objetivos comerciais da Wada como Product Owner e por fim o desenvolvimento de várias tarefas de I&D como engenheira. Desta forma, o projeto tem representado um contínuo de momentos emocionantes, que me permitem desafiar-me dia após dia.  

 

1.3 A descarbonização e a circularidade nos processos são imperativas para uma competitividade sustentável. Porque é tão importante o projeto WDS – Water Data Solutions?
 

O WDS foca-se essencialmente nas fugas de água. O nosso objetivo é ajudar as entidades gestoras a localizarem as fugas com maior celeridade e precisão. Isto irá permitir minimizar os recursos inerentes à procura ativa de fugas, sejam estes monetários, materiais ou de alocação de recursos humanos, tornando o processo desde a deteção da fuga até à sua reparação mais eficiente.

Esta eficiência permite que menos água seja perdida antes de chegar à casa dos consumidores. Se menos água for perdida será necessário tratar e bombear menores volumes de água, o que consequentemente permite minimizar as emissões de CO2 geradas por estes processos. Mas mais importante, diria que é mesmo a redução do desperdício de água, um recurso cuja gestão levanta cada vez mais desafios devido à crescente demanda e às alterações climáticas.

O desenvolvimento de sensores da qualidade da água com menores necessidades manutenção e de substituição de reagentes irá permitir reduzir os resíduos gerados pelo descarte de componentes amovíveis.

 

1.4 E qual foi o desafio mais interessante de superar no contexto do projeto WDS – Water Data Solutions?
 

O projeto encontra-se em pleno desenvolvimento tecnológico pelo que muitos dos desafios estão a ser ultrapassados neste momento.

O desafio mais interessante que temos em mãos é garantir que o local da fuga de água é indicado com a maior precisão possível e com um pequeno número de sensores. Não é viável para uma entidade gestora colocar sensores em toda a rede de distribuição de água. As soluções existentes são extremamente dispendiosas e obrigam que os equipamentos sejam colocados a poucos metros de distância entre si. Com recurso a machine learning, o WDS irá permitir localizar fugas com precisão e a um preço competitivo.

 

1.5 Que outros projetos têm em cima da mesa para contribuir para os objetivos definidos para uma recuperação económica mais limpa e verde? 
 

Estamos a iniciar o desenvolvimento de um projeto de qualidade da água em parceria com a CRON., uma Startup Studio de Coimbra. Este projeto visa a complementar os sensores para a qualidade da água desenvolvidos no âmbito do WDS e alargar a oferta da Wada nesta vertente. 

Também estamos a trabalhar ativamente no desenvolvimento de novos consórcios nacionais e internacionais para investigação & desenvolvimento aplicados nas áreas da localização de fugas e a nível da monitorização da qualidade de água nas redes de distribuição de água.

 

1.6 A sua experiência com os Fundos da União Europeia… fizeram a diferença?

Sem dúvida! Como referi previamente, os fundos permitiram-nos alavancar este projeto de I&D com outra capacidade. Sem os fundos, o projeto teria sido desenvolvido na mesma, contudo existiriam desafios económicos e técnicos que hoje não se colocam. O desenvolvimento em copromoção permitiu constituir um consórcio com o CeNTI e a Universidade de Aveiro que complementam as valências da Wada e elevam a exigência técnica do projeto.

Na minha opinião, estes fundos são muitos importantes para as empresas pois permitem aumentar a competitividade do tecido empresarial português, através de investimento e incentivo ao desenvolvimento de projetos inovadores.

 
2. Resumo Biográfico 
 
> Nome: Fabíola Freitas.
 
> Idade: 29 anos.
 
> Habilitações Académicas: Mestre em Engenharia do Ambiente, pela Universidade de Coimbra e com pós-graduação em Gestão e Reabilitação de Infraestruturas Hidráulicas Urbanas, pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
 
> Percurso profissional: Após a faculdade participou na 2º Edição do Programa Empreende Já, onde o seu projeto foi selecionado para a segunda e última fase do programa para receber 10.000 euros. Posteriormente começou a trabalhar na Wada, onde mantém atualmente funções. 
 
 
 
3. Links
 

08/03/2022 , Por Cátia Silva Pinto
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