Entrevistámos o CEO da Bi-silque, uma empresa especialista global em produtos de comunicação visual

Entrevistámos o CEO da Bi-silque, um dos líderes mundiais no setor da comunicação visual. Fundada em 1979, a empresa produz quadros que facilitam a interação entre os utilizadores em ambientes corporativos e educacionais. Está presente em 82 países nos 5 continentes. Exporta 98,7% das vendas. 

André Vasconcelos começou sua carreira trabalhando na empresa fundada pelos seus pais ainda muito jovem, absorvendo todas as boas práticas e valores incutidas pela mãe Aida e pelo Pai Virgílio, e obtendo experiência em todos os setores do negócio, incluindo produção, vendas e marketing.

Como o CEO de uma empresa especialista global em produtos de comunicação visual, André Vasconcelos, gosta de manter um perfil reservado e não gosta muito dos holofotes, apesar de uma grande parte do sucesso que a Bi-Silque alcançou nos últimos anos ser da sua responsabilidade. 

 

Entrevista a André Vasconcelos 

CEO da Bi-silque, uma empresa especialista global em produtos de comunicação visual

Graças à sua dedicação e todo o know-how que herdou, André viu a empresa transformar-se num líder mundial assente nos últimos modelos de gestão. Ele, assim como os predecessores, focou-se em garantir que a empresa seguisse uma forte preocupação com responsabilidade social e ambiental, com a constante inovação no desenvolvimento de novos produtos, assim como, com a capacidade de agregar valor extra e diferenciador à indústria e mercado em que opera, elevando a oferta das suas marcas sempre mais além do tradicional material de escritório. 

 

Uma empresa familiar quase a fazer 4 décadas. Qual foi a estratégia inicial? Como surgiu a Bi-Silque?

De facto, a fundação da empresa remonta já a 1979. Como a generalidade dos negócios, a Bi-silque resultou essencialmente da vontade de um casal empreendedor, que soube dominar o receio de arriscar. Envolvidos desde cedo no meio industrial local, muito ligado ao trabalho em cortiça, os meus pais identificaram uma oportunidade de negócio para produzir artigos para gifts neste material, que suscitava muita curiosidade em mercados externos, como o japonês ou o alemão. Os meus pais conjugavam competências e experiência quer em operações fabris, quer numa vertente mais comercial, pelo que montaram uma pequena fábrica familiar e iniciaram um esforço de vendas além fronteiras. Desde o início que a vocação da Bi-silque passa pela atuação em mercados internacionais.

Os primeiros anos foram particularmente difíceis, com muitas tentativas frustradas. Mas a capacidade de ir compreendendo os clientes e uma persistência invulgar fizeram com que a empresa estivesse constantemente a inovar nos produtos que ia apresentando ao mercado. A seguir às bases para copos, tablemats ou memos A4, foram surgindo novos artigos, que combinavam a cortiça com outros materiais, essencialmente destinados à decoração de interiores. E o esforço constante em estar presente em diversas feiras internacionais começou a dar frutos.

De inovação em inovação, de mercado em mercado, a Bi-silque é hoje líder em produtos como whiteboards ou cavaletes, com um portfolio de produtos diversificado. 

Orgulhamo-nos de ser uma empresa de referência em qualquer ponto do mundo quando se fala em soluções de comunicação visual, com um volume de negócios acima dos 50 M€ há já alguns anos, e um crescimento sustentado na confiança que os nossos clientes em nós depositam por sermos capazes de desenvolver e entregar soluções inovadoras e com qualidade.

 

Quais os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?

Os desafios foram múltiplos, e, com algumas nuances, persistem. O principal desafio foi sempre saber ouvir e compreender os nossos clientes. Em 1979 tivemos que conseguir transformar a curiosidade pela cortiça em produtos de utilidade e qualidade inquestionável. Mas durante este tempo todo foi a nossa auscultação constante ao mercado que nos permitiu ir evoluindo o nosso portfolio e estarmos à altura das expectativas dos clientes. Ainda hoje continuamos muito atentos às tendências de consumo, que são cada vez mais dinâmicas, porque a nossa experiência diz-nos que só assim podemos continuar a crescer.

Esta realidade destapa outro desafio transversal a qualquer negócio: a nossa capacidade em inovar, que foi tão fundamental no início como se revela ainda hoje. E não falamos apenas nos atributos dos nossos produtos e serviços, mas por exemplo na adequação a novos modelos de negócio ou a canais de distribuição diferenciados, como o Online.

Depois, e talvez mais no início, foi fundamental um elevado esforço de investimento na vertente comercial, durante todo o processo de internacionalização da empresa.

E, complementarmente, um investimento e uma aprendizagem contínua a nível operacional, de forma a fazermos evoluir uma capacidade instalada que suportasse o cresimento do negócio, até porque ao longo dos anos fomos internamente desenvolvendo maquinaria própria e especializada nos nossos processos produtivos.

Finalmente, e numa perspectiva de sustentabilidade do negócio, sempre tivemos que ir prestando especial atenção a melhorar continuamente as nossas práticas de trabalho, seja no contexto industrial ou nos processos de suporte, com uma busca contínua pela eficácia e eficiência, cada vez mais potenciadas pela evolução tecnológica.

 

O que consideram ser crítico para o sucesso da vossa estratégia?

A resenha histórica da Bi-silque permite identificar de forma paradigmática os pilares fundamentais para o nosso sucesso.

Em primeiro lugar, a capacidade de ouvir o cliente e compreender o consumidor aliada a uma vocação para a exportação, com a ambição de encontrar sempre novas oportunidades e mercados. Depois, a inovação. Tenho para mim que a capacidade de inovar é a chave para a longevidade de qualquer negócio. Mesmo que o produto perdure, a concorrência obriga as empresas a estarem constantemente a inovarem, se não no produto, pelo menos nos processos, quer na vertente produtiva, quer na vertente comercial.

Mas, no final, tudo se resume a pessoas. A Bi-silque teve a sorte de poder contar com uma comunidade envolvente disponível, onde encontrou recursos humanos exemplares em dedicação e talento.

 

Quais são os vossos objetivos para 2018?

2018 será mais um ano de crescimento para a Bi-silque, mas um crescimento sustentado. Estamos a finalizar investimentos ímpares em infraestruturas e equipamentos de forma a incrementarmos a nossa capacidade instalada, mas também tendo em linha de conta novas tecnologias de suporte às operações e, fundamentalmente, novas exigências do mercado, que naturalmente impactam as nossas operações.

O advento do Online traz-nos desafios adicionais, e estamos a investir em inúmeras frentes para sermos capazes de acompanhar a transformação digital quer do nosso negócio, quer dos nossos clientes. Estamos particularmente atentos à rentabilidade do nosso negócio, de forma a conseguirmos continuar a ser competitivos face a uma concorrência cada vez mais global e agressiva, e só sendo mais eficientes conseguiremos continuar a libertar capital para reinvestir na sustentabilidade da empresa.

2018 será portanto um ano em que actuaremos em dois eixos distintos mas complementares: melhorar a eficiência das operações que nos conferem vantagens competitivas e que são o alicerce do nosso sucesso, e continuar a desenvolver novas competências que julgamos fulcrais para o futuro do negócio e a sustentabilidade da empresa, essencialmente no domínio digital.

 

Qual o contributo dos Fundos da União Europeia para o percurso da vossa empresa?

O crescimento do Grupo Bi-silque só foi possível através de investimentos consistentes e significativos em quatro pilares: na internacionalização do negócio, na inovação de produto e processual, na capacidade e eficiência produtivas e na qualificação das nossas pessoas.

E ao longo dos anos estivemos particularmente atentos às oportunidades de comparticipação de fundos comunitários nestas quatro vertentes.

Eu diria que o facto de termos conseguido aproveitá-los teve um papel decisivo para o que é a Bi-silque de hoje, uma vez que nos permitiu investir de forma mais acelerada, e desta forma podermos ser competitivos nestes factores, especialmente quando concorremos em mercados globais, onde a capacidade e a facilidade de acesso ao financiamento são muitas vezes mais favoráveis.

 

 

 

 

 

Links úteis

  • Notícia "Bi-Silque Transformation": É este o nome do projeto cofinanciado pelo COMPETE 2020 que visa revolucionar a automação, eficiência e sustentabilidade do processo produtivo
  • Bi-Silque

Website 

Linkedin 

Twitter 

Facebook

 

 

25/01/2018 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
Europa