Building HOPE: Otimização Holística de Energia em edifícios
Cofinanciado pelo COMPETE 2020, a DST Solar visa com este projeto alavancar a recolha de dados e avanços de sensorização e desenvolver metodologias baseadas em Inteligência Artificial para facilitar a transição para um futuro de energia mais limpa, conforme explica o CEO, André Marques.
1. Entrevista ao CEO da DST Solar, André Marques
André Marques | CEO da DST Solar
1.1 Como nasceu o projeto Building HOPE? Quais foram as principais motivações?
O que nos serviu de mote para avançarmos com este projeto, foi o facto de vivermos num mundo cada vez mais tecnológico, onde a digitalização está a dominar e a alterar a forma como, vivemos o quotidiano, trabalhamos e nos relacionamos.
A tecnologia digital no setor energético é de extrema importância e por esse motivo nasce o projeto Building HOPE, para fazer parte desta digitalização na transformação do sistema global energético no segmento dos edifícios, aportando valor na cadeia de gestão da demanda, consumo e fornecimento de energia. Com o nosso parceiro tecnológico i9p - innovationpoint empresa do dstgroup, é nosso objetivo com o desenvolvimento desta plataforma, redefinir as práticas de gestão energética de edifícios num contexto de ambientes urbanos inteligentes, com uma ferramenta inovadora, incrementando a eficiência energética e descarbonização de cidades.
1.2. O que considera ser o elemento diferenciador no projeto Building HOPE?
A plataforma HOPE é uma solução que se propõem a realizar a gestão de energia no segmento dos edifícios e com diferentes tipologias, nomeadamente em edifícios industriais, de serviços ou de retalho.
A HOPE disponibilizará capacidades e funcionalidades que permitirão a gestão energética otimizada e holística dos edifícios, recorrendo a técnicas avançadas de machine learning, não só incrementando os resultados na eficiência energética, mas contribuindo para descarbonização neste setor complexo. Entre as diversas capacidades do Building HOPE, de salientar a análise e a caracterização em detalhe do consumo dos serviços de energia, a gestão de diferentes ativos, e a operação de múltiplos sistemas de energia (geração, armazenamento e necessidade de serviço), entre outros. O facto de termos um sistema que permita trazer estas novas funcionalidades para uma única plataforma, HOPE, e que possa ser implementada em diferentes tipologias de edifícios é para nós sem dúvida o ponto diferenciador da tecnologia que será disponibilizada pelo projeto Building HOPE.
3. Quais são os principais desafios com que se estão a deparar no desenvolvimento do projeto?
Na realidade existem alguns desafios de diferentes níveis, alguns destes desafios são de caráter técnico outros burocráticos. Podemos mencionar a título de exemplo, a adaptação da solução às condições e requisitos de cada edifício, em virtude de considerarmos que nunca vamos estar perante dois edifícios iguais, o que por si só exigirá do nosso lado maior rigor no concept e design, tendo em conta as múltiplas possibilidades em regime de plena operacionalidade.
Por outro lado, assumimos que os edifícios têm sistemas com níveis de criticidade diferentes, níveis esses que poderão ser mais exigentes e que podem traduzir-se num esquema mais complexo de acesso à informação, cuja recolha é fundamental para substanciar a base de dados da HOPE.
Podemos facilmente exemplificar com o edifício de uma unidade de retalho, onde concretamente temos um sistema de refrigeração, o qual é imprescindível à normal operação da atividade levada a cabo nesse edifício. A obtenção dos dados relativos a estes sistemas implica por exemplo, a transposição consentida de um nível de segurança, normal nestes casos e que implica validação prévia e obtenção de autorizações, que por vezes impacta no tempo o projeto. Este é um exemplo prático, um desafio em curso num edifício piloto que nos permite a realização de testes e análise de resultados.
A criação de um histórico de dados para que possam ser posteriormente utilizados, com o intuito de treinar e capacitar algoritmos de machine learning para cenários onde ainda não existem equipamentos ou sistemas instalados e ou definitivos, é sem dúvida um desafio com que nos temos deparado.
4. Há algum resultado do projeto que gostariam de destacar?
Há efetivamente além do histórico que estamos a construir, que reúne dados com valores de ambiente, interior e exterior e dos consumos energéticos totais ou parciais, atingimos com sucesso a concretização de modelos preditivos. Hoje dispomos de um modelo preditivo de consumos implementado num dos edifícios piloto, mais concretamente no Campus da Alameda do Instituto Superior Técnico, onde recolhemos resultados preliminares que nos permitem validar o grau de exatidão e proximidade aos dados reais de consumo, tanto no consumo energético integral dos edifícios, assim como para circuitos específicos de sistemas de climatização.
2. Apoio do COMPETE 2020
O projeto Building HOPE é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, Parcerias Internacionais, envolvendo um investimento elegível de 1,5 milhões de euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 914 mil euros.
20/01/2022 , Por Cátia Silva Pinto
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