AEP volta ao Irão com 10 empresas para a quarta ação de promoção do “made in portugal” dos últimos 10 meses
Pela quarta vez nos últimos 10 meses, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) volta a promover a oferta nacional no Irão. Entre os próximos dias 23 e 27, terá em Teerão uma missão comercial em que participarão 10 empresas, maioritariamente ligadas à fileira da construção. É uma das mais de 40 ações de promoção externa contempladas no programa associativo de internacionalização “Business on the way 2016”, cujo calendário abrange 27 mercados.
Na capital iraniana, os empresários e gestores que integrarão a comitiva empresarial portuguesa terão reuniões de negócios com potenciais clientes, previamente identificados pela AEP, e contactarão com agentes de mercado locais interessados em conhecer o que o nosso país tem a aportar à dinamização económica do seu país neste tempo pós-embargo internacional.
“Conquistada a confiança dos decisores institucionais, pela persistência e tato com que, desde 2009, temos abordado um mercado tão exigente quanto promissor, estão criadas as condições para as empresas portuguesas começarem a capitalizar o trabalho que temos feito”, afirma Paulo Nunes de Almeida, que destaca a “colaboração muito positiva” dispensada à associação pelas embaixadas da República Islâmica do Irão em Lisboa e de Portugal em Teerão, assim como pelo Portugal-Irão Business Council, plataforma de negócios entre empresas de ambos os países que tem dado um “contributo relevante”, desde a sua criação, em junho de 2009, para a dinamização das relações comerciais luso-iranianas.
O objetivo é “consolidar a imagem de Portugal como país exportador e confiável junto dos decisores institucionais” e “alargar a mais empresas portuguesas produtoras de bens e serviços transacionáveis o espetro de um dos mercados asiáticos mais promissores para os agentes económicos europeus”, afirma o presidente da AEP. “É esta a hora de apostar no Irão!”, sublinha.
Naquela que será a sexta missão empresarial multissectorial da AEP ao Irão nos últimos sete anos, participam quatro empresas ligadas à fileira da construção, operando as outras seis cada qual no seu sector: alimentação e bebidas, energia, equipamento médico-hospitalar, fotografia, sistemas de informação e têxteis-lar.
Com estas 10, passa para 44 o número de empresas portuguesas a quem a AEP propiciou um contacto direto com a realidade socioeconómica e o mercado do Irão desde que, em julho de 2015, o país e as grandes potências mundiais fecharam o acordo nuclear internacional que permitiu, em janeiro deste ano, o levantamento das sanções.
Na missão anterior, em fevereiro passado, estiveram representadas nove empresas, ligadas às áreas agroalimentar, têxtil, plásticos técnicos, mobiliário, moldes e tecnologia audiovisual.
De então para cá, a agência pública de investimento, aicep Portugal Global, abriu, em maio, uma delegação em Teerão e o nosso país estreou-se na principal feira de construção iraniana, a Project Iran, com a AEP a responsabilizar-se pelo pavilhão nacional, a convite dos organizadores.
Fim do embargo ainda sem impacto no relacionamento comercial bilateral
O fim das sanções, no entanto, ainda não se refletiu nas exportações portuguesas. Pelo contrário, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) a taxa de variação homóloga 2015/2016 recuou 75,4% no primeiro trimestre, com as vendas das produtoras nacionais de bens transacionáveis para o Irão a cair de pouco mais de 7 milhões para 1,72 milhões de euros. As importações tiveram um comportamento inverso, ao aumentarem 264,7%, passando de 3,13 milhões para 11,4 milhões de euros.
Na opinião do presidente da AEP, trata-se, porém, de um “quadro que rapidamente pode evoluir a favor de Portugal” e que se “explica, em boa parte, pela rápida reação ao fim do embrago” das grandes empresas e da diplomacia económica dos EUA e dos países economicamente mais fortes da União Europeia. Recorda, a propósito, as visitas que em janeiro passado o presidente Hassan Rouhani fez a França e à Itália, a que se seguiu, em abril, a deslocação a Teerão da Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini.
No ano passado, as vendas portuguesas para o Irão atingiram 19,4 milhões de euros, mais 177% do que em 2014, enquanto as importações recuaram 12,4%, tendo-se ficado pelos 26,8 milhões de euros. Segundo dados do INE, entre 2011 e 2015 as exportações portuguesas para o Irão subiram a uma média de 16,4% ao ano, enquanto as importações cresceram a um ritmo de 67,2%. No final de 2014, havia 89 empresas portuguesas a exportar para aquele mercado, depois de três anos antes terem sido 126.
No ano passado, as empresas portuguesas venderam naquele destino, principalmente, veículos e outro material de transporte (8,1 milhões de euros), pastas celulósicas e papel (6,2 milhões de euros), metais comuns (1,8 milhões de euros), máquinas e aparelhos (928 mil euros) e produtos químicos (549 mil euros). No que se refere às importações, os metais comuns ocuparam a liderança, com 26 milhões de euros, a que corresponde mais de 97% do total das nossas compras a fornecedores iranianos. Seguiram-se os produtos agrícolas (555 mil euros), os minerais e minérios (115 mil euros) e os plásticos e borrachas (61 mil euros).
Centralidade económica e geoestratégica amplia mercado de 80 milhões
A China e os Emirados Árabes Unidos são, há muitos anos, os maiores fornecedores do Irão, mas a tendência é para que “o fim das sanções acelere a abertura económica desejada pelas autoridades iranianas, com a consequente diversificação dos parceiros comerciais” de um país que em termos de mercado “vale bem mais do que os seus quase 80 milhões de consumidores”, salienta o presidente da AEP. É que, lembra, trata-se de um país com uma “população jovem e uma cultura secular”.
A isso acresce a sua “assinalável centralidade económica e geoestratégica”, contribuindo para que a economia iraniana seja, há anos, a segunda maior da região do Médio Oriente e Norte de África, a seguir à Arábia Saudita. Há muito que influencia o comportamento das economias dos países vizinhos, por força dos laços comerciais que mantém com os Emirados Árabes Unidos, Turquia, Azerbaijão, Arménia, Turcomenistão, Paquistão, Afeganistão e Iraque, tirando partido da sua localização geográfica e da sua posição no atlas do comércio marítimo internacional, mormente no que se refere ao mar Cáspio e aos golfos Pérsico e de Omã. A nível interno, o presidente da República Islâmica do Irão prometeu reformas estruturais para fomentar o crescimento económico e acelerar a diversificação das exportações, contrariando a dependência do petróleo e a favorecendo a abertura do país ao exterior.
As instituições internacionais assimilaram a mensagem e estão otimistas, com o Fundo Monetário Internacional a prever que o Produto Interno Bruto iraniano cresça consideravelmente de menos de 1% para quase 5% no final deste ano. Uma estimativa viável depois de as autoridades locais terem decidido aumentar as exportações de petróleo, duplicando o milhão de barris diários de “ouro negro” que o país vendia no mercado internacional antes do fim das sanções.
O Irão era o sexto produtor mundial de petróleo em 2013, mas desde 2014 que tem potencial para, comprovadamente, subir ao quarto lugar do ranking mundial do sector. O gás natural também é um recurso importante, sendo o país um dos maiores produtores mundiais, proprietário das segundas maiores reservas do mundo.
Esta sexta missão empresarial multissectorial da AEP ao Irão faz parte do respetivo programa de internacionalização, denominado “Business on the way 2016”. Até final do ano, prevê a realização de mais de quatro dezenas de ações em 27 mercados, sendo cofinanciado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 - Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, Eixo II – Projetos Conjuntos – Internacionalização.
Desde 1990 que a AEP é a entidade privada que em Portugal mais se tem destacado no apoio à internacionalização empresarial e no fomento das exportações. Nestes 26 anos, organizou 476 ações de promoção da oferta nacional em 72 países, de quatro continentes, nas quais participaram cerca de 3.000 empresas produtoras de bens e serviços transacionáveis.
Em preparação, entretanto, está já uma nova edição desta iniciativa da AEP, para 2017 e 2018, cujo calendário replica as experiências bem-sucedidas dos últimos anos e prevê a realização de mais de meia centena de ações, um pouco por todo o mundo. Subjacente à sua elaboração está a penetração em novos mercados, o alargamento da base exportadora do país e a promoção da oferta das indústrias nacionais das fileiras da construção, agroalimentar e mobiliário e decoração, assim como dos sectores dos componentes para a indústria automóvel, defesa e segurança, equipamento médico-hospitalar e tecnologias de informação e comunicação.
Fonte: AEP