Elio Parodi, administrador da ROPAR/Arcopedico - empresa de calçado com forte ligação ao sector da saúde - falou ao COMPETE 2020 sobre o projeto SM4S: Safety Materials for Shoes que visou o desenvolvimento de solas de calçado com propriedades antivirais por forma a impedir que o calçado seja um meio de transporte de vírus, em locais de acesso generalizado. contribuindo para o combate à atual situação pandémica de COVID-19.

 

 

 

De acordo com a situação pandémica provocada pelo SARS-CoV-2, os locais de acesso generalizado, tais como serviços de saúde ou comércio, podem contribuir para a transmissão direta/indireta do vírus. Uma vez que o SARS-CoV-2 pode permanecer em superfícies durante um determinado período temporal, todas as superfícies podem ser veículos de contágio, mas o risco deste contágio varia consoante a frequência de manipulação, toque ou de utilização. Assim, o chão dos estabelecimentos de atendimento ao público representa um veículo de contágio e, por consequência, as solas do calçado em contacto com este podem também ser um veículo de transmissão. A Direção Geral de Saúde (DGS) recomenda o uso de calçado específico ou coberturas de sapatos, de uso único, em áreas infetadas para profissionais de saúde. Contudo, em áreas de uso comum, como em serviços de saúde, comércio ou outro tipo de serviços, tais proteções não são usadas. 

 

 

 

O objetivo do projeto SM4S - Safety Materials for Shoes é o desenvolvimento de solas para calçado com propriedades antivíricas, de modo a diminuir o risco de contágio e permitir uma maior segurança aos utilizadores. A solução proposta consiste na aditivação de um ou mais constituintes da reação do poliuretano com agentes antivirais, sem alteração das propriedades intrínsecas do material final, nomeadamente nas suas características mecânicas. 

 

 

 

Foi no contexto de situação pandémica que surgiu a ideia do projeto SM4S – Safety Materials for Shoes, com o objetivo principal de conferir propriedades anti-víricas às solas de calçado. Adicionalmente, e no sentido de desenvolver um produto transversal a vários contextos, foi também estudada a incorporação de propriedades antibacterianas e antifúngicas.  

 

O trabalho desenvolvido consistiu na investigação de vários aditivos com as propriedades pretendidas, e na sua integração nas misturas constituintes da reação do poliuretano, passando as solas a serem compostas por "espumas com propriedades antivíricas". Trata-se de uma tecnologia com um grau de inovação promissor, visto que não foram identificadas no mercado solas com estas propriedades.

 

 

Os desenvolvimentos, realizados ao longo dos seis meses de execução do projeto, apresentaram resultados muito promissores e, neste momento, a Ropar está a estudar a melhor forma de otimizar os resultados obtidos numa produção em escala, o que se tem revelado muito desafiante.

O valor acrescentado esperado deste projeto é de que, no futuro, seja possível produzir, de forma generalizada e massificada, solas com propriedades antivíricas, sendo estas disruptivas face ao estado de arte atual e que consolidam a resposta nacional a desafios globais.

 

 

 

 

Apoiado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT, na vertente em co-promoção (Covid-19), o projeto SM4S: Safety Materials for Shoes envolveu um investimento elegível de 153 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 123 mil euros.

 

 

 

Este projeto resulta de uma parceria entre uma empresa de calçado, a ROPAR - Fabrico de Calçado Ortopédico, S.A. e uma instituição do Sistema Científico, o CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, funcionais e Inteligentes, contando ainda com a participação do INEB - Instituto Nacional de Engenharia Biomédica e do 2CAB - Centro Clínico Académico de Braga.