Leia a entrevista de Paulo Mendes, Diretor R&D+I da Castros Iluminações Festivas e responsável do projeto UVtizer, cofinanciado pelo COMPETE 2020, que visou desenvolver um sistema de inativação de vírus, por intervenção direta no seu meio de transmissão, cuja eficácia deveria ser comprovada por testes reais com o vírus SARS-CoV-2 dando resposta a todo um xadrez ainda desconhecido. 

 

 

 

 

Muitos foram os desafios impostos pelo desenvolvimento deste projeto, contudo destaco 3 que me parecem relevantes. O primeiro foi provar a eficácia da radiação UVC, não nos focamos no equipamento, antes porém em obter resultados que validassem a utilização do mesmo. O segundo foi trabalhar numa tecnologia completamente diferente cuja utilização indevida tem efeitos nocivos para os seres vivos e materiais, pelo que a redundância dos sistemas de segurança e evitar sobre-exposição revelaram-se fundamentais. Por último o alargar de competências e conhecimentos técnico-científicos em novas áreas que estavam distantes do âmbito das atividades que vínhamos desenvolvendo ao longo de um século de existência.

 

 

 

Os objetivos foram claramente alcançados, neste momento conhecemos em pormenor as doses de radiação necessárias para a inativação do vírus SARS-CoV2 em diferentes condições de exposição. Conhecemos todos os princípios de funcionamento da tecnologia, controlo, aplicações e riscos. Adquirimos um manancial de conhecimento sobre a potência e o tempo de exposição necessários para outros agentes patogénicos que não apenas o SARS-CoV2.

Hoje dispomos de todo um conjunto de informações que foram sendo recolhidas ao longo do projeto e comprovadas por análise experimental que nos permitem olhar para outras oportunidades de desenvolvimento assim como novas áreas de negócios.

 

 

 

Quando falamos em resultados alcançados a primeira tendência é focar no demonstrador ou no volume de vendas que o projeto possa ter gerado. Contudo e neste caso específico o que mais destacamos é a EFICÁCIA da tecnologia de radiação germicida e o conhecimento alcançado sobre a mesma na relação direta com o SARS-CoV2. O conhecimento sobre as doses de radiação para diferentes materiais, com diferentes condições de humidade e temperatura, realizadas pelo parceiro iMM foram fundamentais para garantirmos sem reservas taxas de inativação de 99.9%.

 

 

 

O projeto foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos I&D Empresas e Infraestruturas de Ensaio e Optimização (COVID-19), envolvendo um investimento elegível de 417 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 334 mil euros repartido pelas 4 entidades do consórcio (Castros, Matglow, CeNTI e iMM). Este cofinanciamento foi fundamental para a aquisição de conhecimento impar na tecnologia de radiação germicida. O know how adquirido potenciou a abertura de uma nova linha de desenvolvimento na estrutura das duas empresas (Castros e Matglow) permitindo a migração da tecnologia para novas aplicações e diferentes agentes patogénicos.

 

Através do apoio ao projeto, os resultados foram divulgados em varios eventos e conferências nacionais e internacionais, como a MODTISSIMO (Março de 2021), 2021 IUVA World Congress (Junho de 2021), 31st European Congress of Clinical Microbiology & Infectious Diseases ECCMID (Julho de 2021), o que permitiu uma maior interação com empresas e universidades e que abriram portas para futuras colabrações e desenvolvimentos. De referir que no rescaldo deste projeto e como consequência direta deste, surgiu a oportunidade de integrar um consórcio de empresas candidatas às agendas do PRR em curso com a mesma tecnologia.