O projeto CirculaPlas, cofinanciado pelo COMPETE 2020 e promovido pela Silvex e pela Universidade de Coimbra, visa o desenvolvimento de filmes plásticos com espessuras inferiores a 25 µm, obtidos com recurso exclusivo a material reciclado e com capacidade de substituir o material virgem na mesma aplicação.

 

 

 

 

O projeto CirculaPlas tem por objetivo o desenvolvimento de filmes plásticos com recurso a 100% de material reciclado, para aplicação na fabricação de diferentes produtos, tais como sacos plásticos, filme estirável, filme retrátil ou mangas plásticas. Trata-se, pois, de um objetivo plenamente alinhado com a aposta das economias mais desenvolvidas na redução do impacto ambiental do plástico. Assim, os novos produtos resultantes do projeto vêm reforçar a capacidade e o potencial de internacionalização da Silvex, num contexto de maior exigência à indústria transformadora do plástico, decorrente da maior consciência ambiental dos países e seus cidadãos. Neste contexto, o projeto CirculaPlas tem uma importância crítica para a consolidação da presença da Silvex em mercados europeus muito exigentes, como a Alemanha, a Dinamarca, a Bélgica ou a Noruega.

 

2. Testemunho de Tiago Filipe, Diretor da Unidade de Reciclagem / Economia Circular

Tiago Filipe | Diretor da Unidade de Reciclagem/Economia Circular

 "Iniciámos com muito entusiasmo o projecto CirculaPlas, com ideias claras do que necessitamos em termos de produtos e com consiência dos desafios técnicos.

Estamos numa fase exploratória de materiais mas com uma equipa e uma estratégia delineada.”

 

 

A Diretiva (EU) 2019/904 do Parlamento Europeu e do Conselho prevê a recolha efetiva de 90% dos resíduos plásticos gerados até 2029 e o seu reprocessamento em aplicações semelhantes à do material virgem que lhe deu origem.

 

Neste contexto, o projeto CirculaPlas visa o desenvolvimento de filmes plásticos com espessuras inferiores a 25 µm, obtidos com recurso exclusivo a material reciclado e com capacidade de substituir o material virgem na mesma aplicação. 

 

De acordo com o estado da arte atual, ainda não é possível assegurar as propriedades mecânicas do material virgem em material reciclado processado. A maioria dos resíduos plásticos pós-consumo é obtida do filme que envolve as paletes no transporte de mercadorias e nas embalagens primárias e secundárias dos produtos de consumo, sendo esta fundamentalmente constituída por HDPE (Polietileno de alta densidade) e LDPE (Polietileno linear de baixa densidade), podendo conter frações de PP. O PE, já por si, é muito suscetível à perda de propriedades mecânicas decorrente de reações de degradação que ocorrem aquando do seu processamento/tempo de vida. 

 

 

Se estiver contaminado com PP (Polipropileno), algo bastante comum devido ao facto de o PP ser também amplamente usado na indústria da embalagem, as propriedades mecânicas decrescem ainda mais devido à incompatibilidade PE (Polietileno)/PP. 

 

Por forma a ultrapassar a perda de propriedades mecânicas do PE, o projeto CirculaPlas prevê o desenvolvimento de novos copolímeros de estrutura controlada que possam atuar como compatibilizantes de misturas PE/PP e modificadores de impacto, por forma a obter um produto final com as características termomecânicas adequadas. 

 

Visa-se ainda que 100% do material plástico utilizado nos novos filmes plásticos, seja de origem reciclada e que esse material possa manter, ou variar apenas ligeiramente, as suas características de fluidez após três ciclos de processamento. 

 

O projeto será promovido por um consórcio composto pela Silvex (promotor líder) e a Universidade de Coimbra.

 

 

A realização do projeto CirculaPlas resultará na capacitação da Silvex para a fabricação de sacos plásticos de diferentes tipos (desde sacos para lixo a sacos para acondicionamento de alimentos), de filme estirável, de filme retrátil e de mangas plásticas com recurso a 100% de reciclado de PE e PP. Trata-se de uma oferta radicalmente inovadora, suportada num progresso do estado da arte no que concerne à valorização de resíduos de plástico, em pleno alinhamento com a transição de uma economia linear para uma economia circular do plástico. É razoável esperar que os novos produtos não tenham concorrência aquando do seu lançamento no mercado.

 

 

 

Apoiado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT, na vertente em co-promoção, o projeto CirculaPlas envolveu um investimento elegível de cerca de um milhão de euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 679 mil euros.