Alavancar o setor agroalimentar em Portugal através de soluções integradas de bioeconomia
Liderado pela Campotec IN, o projeto “BIOma – Soluções integradas de BIOeconomia para a Mobilização da cadeia Agroalimentar” visa reposicionar as empresas da cadeia de valor agroalimentar em patamares mais competitivos e sustentáveis, através da promoção de estratégias inovadoras para a adoção de soluções integradas de Bioeconomia. Leia a entrevista a Délio Raimundo, Head of Quality and R&D na Campotec e António Dias - Digital & Innovation Manager na SGS.
BIOma – Soluções integradas de BIOeconomia para a Mobilização da cadeia Agroalimentar
1. Síntese
Soluções integradas de bioeconomia para a mobilização da cadeia alimentar é o âmbito do projeto mobilizador BIOma, cofinanciado pelo COMPETE 2020, que reúne um consórcio de 24 entidades nacionais inseridas na fileira agroalimentar com o objetivo de reposicionar a cadeia de valor agroalimentar em patamares mais competitivos e sustentáveis.
2. Entrevista
Délio Raimundo | Head of Quality and R&D na Campotec
Em entrevista ao COMPETE 2020, Délio Raimundo, Head of Quality and R&D na Campotec e António Dias - Digital & Innovation Manager na SGS fazem um ponto de situação deste projeto e dos resultados alcançados.
António Dias - Digital & Innovation Manager na SGS
2.1. Como nasceu o projeto BIOma? Quais foram as principais motivações?
O projeto mobilizador de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT) “BIOma – Soluções integradas de BIOeconomia para a Mobilização da cadeia Agroalimentar” nasceu da vontade de investigar e desenvolver soluções inovadoras, tecnológicas e biotecnológicas para potenciar a bioeconomia, a digitalização da indústria e a diminuição do desperdiço alimentar. A Cadeia de Valor Agroalimentar (CVAA) está profundamente ligada a diversos desafios que atualmente a humanidade enfrenta, desde as alterações climáticas, crescimento exponencial da população ao desafio da transformação digital como advento da 4ª revolução industrial. Todos estes desafios foram fatores impulsionadores do nascimento deste projeto, uma vez que tornaram consensual a urgência na necessidade de transformar a forma como consumimos e utilizamos os recursos disponíveis com o mínimo impacto para a sociedade atual e futura.
Foi neste seguimento que o relevante consórcio deste projeto, com extensa presença territorial, se juntou com o desígnio de reposicionar as empresas da CVAA em patamares mais competitivos e sustentáveis, promovendo estratégias e um ecossistema que potenciem de uma forma inovadora a adoção de soluções integradas de Bioeconomia.
2.2. O que considera ser o elemento diferenciador do projeto?
O que consideramos distinguir este projecto é a dimensão e pluralidade do consórcio que lhe dá uma riqueza imensa, na verdadeira acepsão das palavras “mobilização da cadeia de valor agro-alimentar”. De um lado temos uma comunidade empresarial robusta constituída por empresas associadas às actividades do sector primário (Anselmo Mendes; Deifil, Acushla), mas também da transformação e embalamento (Sortegel, Campotec) e da própria embalagem (Silvex) mas também ainda um retalhista de grande relevo (Sonae), um líder em restauração colectiva (Itau) aos quais se unem os parceiros tecnologias informáticas que trabalham em estreita colaboração com a industria (FoodInTech, BridgePoint), um líder mundial em auditoria e certificação (SGS) e um líder na gestão de projectos que oleia as engrenagens para que a máquina funcione toda como uma só peça (Inova+) e por último, um elemento que faz a ponte “rodoviária” com todas as anteriores (TJA).
Por outro lado, e não menos importante, temos a comunidade científica vasta e muito competente, que se fortalece não só pela presença de Universidades e Politécnicos de grande relevo no plano nacional e nas temáticas em estudo, mas também com centros de competências, laboratórios colaborativos, centros de interface e tecnologia e demais entidades não empresariais do sistema científico e tecnológico. Todos estes importantes parceiros podem ser consultados no
site de projecto.
A entidade gráfica do nosso projecto procura exprimir todos os parceiros do projecto e a estreita ligação entre eles e acreditamos que o faz muito bem.
É um projecto de agregação e mobilização total, que se alinha com o plano de acção estratégico para o desenvolvimento de Bioeconomia Sustentável e Circular e a Iniciativa Europeia para a Digitalização da Indústria, contribuído ainda para a Agenda 2030, ao nível dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e Acordo de Paris.
2.3. Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?
Os desafios mais marcantes estiveram associados precisamente à pandemia que assolou o mundo e que criou imensos entraves, nomeadamente falta de peças e equipamentos a nível mundial e atrasos nas entregas, isolamentos de pessoas, encerramento de instituições de sectores e atividades não fundamentais. A dificuldade de nos reunirmos presencialmente e nos conhecermos, discutindo as nossas mais valias que pudessem levar a sinergias. A adaptação ao modelo de reuniões on-line, conjugado com o desgaste, pela sobrecarga deste novo modelo, até aqui desconhecido e que de um dia para o outro passou a ser o novo normal.
Destes desafios, destacamos ainda a dificuldade em concluir o processo de assinatura do termo de aceitação do pojecto que levou a atrasos sobretudo junto da comunidade científica, na contratação de investigadores bem como adjudicação de equipamentos. Os desafios do projecto propriamente ditos, são claramente conhecidos, são os que se querem ver alcançados e que estamos focados e determinados em atingir.
2.4. De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?
O projeto BIOma foi estruturado em 6 PPS (Produtos, Processos ou Serviços), sendo que 5 estão totalmente dedicados à realização de atividades de Investigação e Desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e serviços para a cadeia de valor do setor agroalimentar.
A SGS Portugal e o IPVC, em conjunto com as mais entidades do setor científico e empresarial presentes no consórcio, lidera o PPS 1, que tem como objetivo o desenvolvimento do “Sustainability Index for Bioeconomy - siBIO” cujo intuito é desenvolver o índice de sustentabilidade para a Bioeconomia. Esta solução veio permitir o posicionamento na vanguarda da avaliação e verificação de parâmetros de sustentabilidade na cadeia de valor agroalimentar, assegurando, assim, uma transição eficiente para uma economia mais competitiva e hipocarbónica.
Ao nível da PPS2 temos o BIOsave, PPS liderada pela ITAU e IPB em conjunto com as mais entidades do setor científico e empresarial presentes no consórcio, destacamos os resultados alcançados através de um sistema de detecção automático dos desperdícios gerados em cantinas públicas bem como uma base de dados de alimentos, associada a este processo de digitalização e reconhecimento dos desperdícios, que constitui uma verdadeira inovação mundial.
Ao nível da PPS3 temos o BIOValue, PPS liderada pela Campotec e pela FEUP em conjunto com as mais entidades do setor científico e empresarial presentes no consórcio, destacamos sobretudo os desenvolvimentos alcançados na criação de diferentes compostos orgânicos obtidos, a partir de desperdícios quer, da fileira do Olival, da Viticultura mas também do Hortofrutícola e que se apresenta como compostos com elevado potencial bioestimulante e de efeitos benéficos na proteção dos solos e eecosistemas.
Ao nível da PPS4 temos o BIOTrace, PPS liderada pela BridgePoint e ISQ em conjunto com as mais entidades do setor científico e empresarial presentes no consórcio, destacamos o desenvolvimento de um QR Code, que permite uma visão totalmente integrada de rastreabilidade de toda a cadeia de valor.
Por último destacamos a criação de um Marketplace ao nível da PPS5, BIOecosystem, PPS liderada pela Inova+ e ISQ em conjunto com as mais entidades do setor científico e empresarial presentes no consórcio, onde se pretende integrar todos os desenvolvimentos alcançados nas PPS anteriores e apresenta-los ao mundo, bem como integrar outras soluções alheias ao projecto mas cujos autores desejem se associar.
3. Apoio do COMPETE 2020
O projeto BIOma, promovido por um consórcio liderado pela Campotec IN, conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (Programas Mobilizadores), envolvendo um investimento elegível de 6,3 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 4,3 milhões de euros.
4. Links úteis