FLEXERGY: Entrevista com o líder do projeto
Para compreender melhor o panorama atual do projeto Flexergy, conversámos com Alberto Jorge Bernardo, o responsável na Efacec. Numa entrevista exclusiva, partilhou os desafios superados, especialmente num contexto de pandemia, os resultados já alcançados e a relevância do apoio dos fundos comunitários, em particular do COMPETE 2020. |
1. Síntese
No âmbito do projeto FLEXERGY, a Efacec desenvolveu uma solução de gestão avançada para sistemas de armazenamento de energia baseados em baterias. Esta solução endereçou desafios significativos que atualmente estão patentes no setor elétrico, unindo funcionalidades inovadoras numa única plataforma que visou melhorar a integração de fontes de energia renovável em redes e micro-redes, através da otimização da respetiva operação, a fim de maximizar o desempenho de ativos de produção de energia a partir de fontes renováveis, considerando as especificidades dos sistemas de armazenamento de energia baseados em baterias.
2. Entrevista
2.1 Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?
O impacto da pandemia de Covid-19 fez-se sentir em toda a economia nacional e a Efacec não foi exceção, motivo pelo qual o projeto FLEXERGY ter sido também afetado. A alteração de dinâmicas de trabalho e o esforço de readaptação à nova realidade imposta pelos sucessivos confinamentos, representaram um desafio não previsto aquando da elaboração da Candidatura, não obstante as medidas de mitigação e de gestão de risco nos tenham permitido ultrapassar com sucesso os principais problemas e obstáculos com que nos deparámos durante a execução do projeto. A alteração de tais dinâmicas teve um impacto significativo nas equipas multidisciplinares da Efacec e do seu parceiro de projeto INESCTEC, afetando também a interação entre as equipas das duas entidades.
A formulação dos casos de uso do projeto, o qual previa a realização de uma demonstração, foi mais difícil do que havíamos previsto inicialmente, pois foi necessário efetuar escolhas de carater tecnológico e de negócio, uma vez que as opções que viéssemos a tomar iriam repercutir-se nos impactos que os resultados do projeto FLEXERGY permitissem obter, sendo que os mesmos teriam de realinhar-se com as orientações de negócio mais recentes, nomeadamente derivadas do processo de reprivatização da Efacec.
Assim, foi necessário ponderar diferentes aspetos tais como os níveis de flexibilidade, escalabilidade e modularidade que a solução a desenvolver deveria assegurar, por exemplo quanto aos casos de uso de micro-redes ou de centrais híbridas de energias renováveis, cujos entregáveis deveriam estar alinhados com os segmentos de negócio que viessem a estar vigentes futuramente na Efacec, nomeadamente para o negócio específico do armazenamento de energia.
2.2 Os objetivos definidos para o projeto foram alcançados?
No cômputo geral, sim, os principais objetivos definidos foram alcançados.
Não obstante, durante a realização do projeto a equipa de investigação e desenvolvimento deparou-se com uma dificuldade inesperada! Entre outros objetivos, o projeto FLEXERGY visava também modelizar os sistemas de baterias, a fim de implementar um algoritmo que permitisse maximizar a vida útil desse sistema. A equipa acabou por constatar que não havia dados históricos “de campo” suficientes relativos à operação de um sistema de baterias, nomeadamente quanto ao respetivo desempenho elétrico e térmico, motivo pelo qual optámos por não realizar mais ensaios laboratoriais, os quais só iriam acarretar dificuldades acrescidas, nomeadamente ao nível da exigência de novos recursos materiais e humanos. Além disso, a realização de tais ensaios adicionais acarretaria inevitáveis atrasos, cujo impacto prometia ser significativo em termos de concretização dos objetivos e da própria conclusão do projeto.
Em alternativa, a equipa de investigação e desenvolvimento optou por implementar uma solução diferente daquela que havia sido inicialmente equacionada, cuja implementação foi baseada numa heurística suportada por conhecimento científico e tecnológico, tendo sido possível concretizar os objetivos iniciais.
2.3 De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?
Tal como mencionado na resposta à questão anterior, destacamos a implementação da heurística alternativa com o intuito de maximizar a vida útil de um sistema de baterias.
Apraz-nos registar também o quão bem sucedida foi a transferência de tecnologia do INESCTEC para a Efacec, efetuada no âmbito do projeto, que culminou na integração de módulos de software desenvolvidos pelo INESCTEC num produto de gestão de ativos de energia da Efacec, na ocasião ainda em desenvolvimento. O resultado desta integração, cujo nível de prontidão tecnológica cumpriu com as exigências do projeto, permitiu à Efacec dar continuidade ao seu plano de desenvolvimento estratégico de soluções de base tecnológica para gestão de micro-redes e de ativos de geração híbrida, bem como de soluções de gestão de energia para os segmentos terciário/industrial e de mobilidade elétrica, nos quais o papel do armazenamento de energia é fulcral.
2.4 Qual o contributo do COMPETE 2020 para o percurso da Vossa empresa?
O impacto do COMPETE 2020 foi muito positivo para a Efacec e para outros agentes económicos nacionais. No caso da Efacec, tal repercutiu-se não apenas no projeto FLEXERGY, como também nos projetos DEMOCRAT, CITY CATALYST, TRANSFORMER 4.0 ou MEGASOLAR, entre outros.
Uma vez que a agenda dos projetos I&DT, dos projetos demonstradores e dos projetos mobilizadores visava o empoderamento da indústria portuguesa e dos seus parceiros, nomeadamente as entidades do sistema científico e tecnológico, tal constituiu-se como uma oportunidade de alavancagem de tecnologia e de negócios para a Efacec, em prol da criação de valor para todos os seus stakeholders e reforço da competitividade da economia portuguesa.
A realidade, é que através dos diferentes cenários de incerteza e instabilidade – Covid-19, crise acionista, e mais recentemente a guerra da Ucrânia – a Efacec tem sido capaz, conjuntamente com os seus parceiros, nomeadamente o INESCTEC, de desenvolver o seu portefólio de produtos e soluções, numa aposta vincada de inovação tecnológica de cariz diferenciador, traduzida pela transferência de tecnologia desses parceiros e pela respetiva integração nas plataformas tecnológicas da Efacec.
O papel do COMPETE 2020 na promoção de práticas de inovação tecnológica em prol da descarbonização da economia, com recurso a mecanismos de apoio e de incentivo financeiro, tem tido um impacto positivo muito grande na indústria portuguesa e nos seus parceiros de tecnologia e de negócio, realidade esta que se aplica à Efacec e que nos apraz registar.
3. Algumas imagens representativas de entregáveis do projeto
Dashboard com representação gráfica do circuito de potência
Dashboard de sistema
Representação do “modelo de gestão térmica de um sistema de baterias”
4. Apoio do COMPETE 2020
Apoiado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT, o projeto “FLEXERGY: FLEXible enERGY enabling Smart Grids” envolveu um investimento elegível de 813 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 483 mil euros.
5. Links úteis
Efacec Energia - Máquinas e Equipamentos Eléctricos S.A.
09/11/2023 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
União Europeia
Sistema de Incentivos
COMPETE 2030
Portugal 2030