Clean4G: Investigação portuguesa sobre novos processos de conversão de emissões de CO2 um combustível limpo

Margarida Mateus, Investigadora no Grupo Secil em declarações ao COMPETE 2020 revela a mais-valia e o estado de arte do projeto Clean4G, que incide na investigação sobre novos processos de conversão de emissões de CO2 um combustível limpo.
 
Projeto Clean4G: Conversão de CO2 do processo de produção de cimento num combustível gasoso limpo para utilização no mesmo processo - circularidade no processo de emissões de cimento
 
1. Síntese
 
A produção de cimento contribui, em muito, para as alterações climáticas sendo imperioso alterar a forma como é feito, repensar o processo da produção, apostando assim no desenvolvimento de novos cimentos, com menor impacto ambiental.
 
Eis o propósito do projeto CLEAN 4G, cofinanciado pelo COMPETE 2020; uma investigação que visa reduzir o balanço das emissões de CO2 utilizando-o, com ajuda de hidrogénio, na produção de metano, que pode ser reintroduzido como combustível no ciclo de produção de cimento.
 
A Cimentos Maceira e Pataias (CMP) sendo uma unidade de fabrico de cimento é uma emissora intensiva de CO2 logo a implementação deste tipo de unidades de conversão de CO2 em metano vem permitir a utilização do mesmo combustível no processo. O metano produzido pode ser reinfectado na unidade, contribuindo não só para uma diminuição global das emissões, como também para a diminuição dos custos energéticos e promovendo uma circularidade do CO2 emitido.
 
 
 
2. Enquadramento do projeto
 
2.1 Âmbito
 
O Clean4G vem introduzir dois novos processos de conversão de CO2 da indústria cimenteira: a metanação e o processo de electro oxidação de bio-óleo de liquefação de biomassa. Ambos vão produzir metano e/ou metanol que será injetado nos fornos de cimento, conduzindo à diminuição global das emissões.
 
Este equipamento e processo vão permitir a produção de energia a partir de uma fonte de biomassa (bio-óleo de liquefação de biomassa florestal) e o reaproveitamento do carbono a ser capturado, prevendo-se a proteção da tecnologia por parte da CMP.
 
 
2.2. Testemunho
 
Margarida Mateus, Investigadora no Grupo Secil 
 
Para explicar a investigação que está a ser feita no âmbito do projeto Clean4G, falámos com Margarida Mateus, Investigadora no Grupo Secil que comenta traduzir-se «num processo que engloba descarbonização na indústria cimenteira transposta na produção de hidrogénio por eletrólise de um produto resultante de uma biorrefinaria de liquefação em conjunto com o borbulhamento de CO2 produzido aquando da produção de clínquer. 
 
"A Conversão de CO2 é ponto fulcral e para isso desenvolveu-se um processo que combina metanação e o processo de electro oxidação de bio-óleo de liquefação de biomassa. Ambos em conjunto irão produzir metano e/ou metanol que será injetado nos fornos de cimento, conduzindo a uma circularidade no processo de emissões.
Este processo terá o grande alcance de produzir energia a partir de uma fonte de biomassa (bio-óleo de liquefação de biomassa florestal) e o reaproveitamento do carbono a ser capturado, prevendo-se a proteção da tecnologia por parte da CMP (Cimentos Maceira e Pataias).
Os resultados resultantes do projeto mostram-se promissores e em linha com o que a indústria mundial do cimento apresenta como proposta na "Ambição Climática para 2050", para responder ao desafio global, lançado pela GCCA “Global Cement and Concrete Association” em que a CMP conjuntamente com o grupo Secil se encontra englobada.
Este projecto individual para além da CMP engloba como parceiros I&D o Instituto Superior Técnico e a empresa GSFY."
 
 
2.3 Apoio do COMPETE 2020 
 
O projeto Clean4G é cofinanciado pelo COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, envolvendo um investimento elegível de um milhão de euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 547 mil euros.
 
Trata-se de um projeto em colaboração com o CDAC - Centro de Desenvolvimento de Aplicações de Cimento da Secil na CMP - Cimentos Maceira e Pataias.

01/10/2020 , Por Cátia Silva Pinto
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