Leia o testemunho de António Marques Cardoso, Coordenador Científico do CISE e responsável do projeto Ef&RelDC@HomO, onde explica o âmbito do mesmo e a importância do apoio dos fundos comunitários.

 

 

 

 

A recente evolução tecnológica introduziu transformações significativas nos sistemas eléctricos de energia utilizados em ambientes residenciais e de escritórios. Actualmente, esses sistemas são constituídos por equipamentos eléctricos classificáveis em três importantes vectores: microgeração de energia eléctrica, armazenamento de energia e cargas eléctricas.

 

Os sistemas de microgeração, que habitualmente recorrem a fontes de energia renováveis, produzem, maioritariamente, energia eléctrica em corrente contínua (CC). Devido à utilização generalizada de redes de energia eléctrica de corrente alternada (CA), a injecção da energia produzida para a rede eléctrica implica um processo de conversão de várias etapas: ajuste da tensão CC, através de um conversor CC-CC; e conversão para CA, recorrendo a um conversor CC-CA. Também os sistemas de armazenamento de energia, constituídos essencialmente por baterias, e as cargas eléctricas utilizadas em ambientes residenciais e de escritórios são, maioritariamente, compatíveis com energia eléctrica em CC. Isto significa que os actuais sistemas eléctricos de energia utilizados em ambientes residenciais e de escritórios têm um elevado número de etapas de conversão de energia.

 

Sabendo que cada etapa de conversão implica perdas de energia, e que existem formas viáveis para reduzir drasticamente o número de etapas de conversão, não faz sentido manter o actual paradigma de utilização de sistemas de distribuição de energia eléctrica CA, aos níveis residencial e de escritórios. A adopção de sistemas eléctricos de energia do tipo CC demonstra ser uma excelente oportunidade para incrementar a eficiência energética em edifícios e, simultaneamente, cumprir as ambiciosas metas definidas por Directivas Europeias, no que concerne à política energética.

 

 

 

Por forma a garantir a implantação bem-sucedida de sistemas de energia eléctrica baseados em corrente contínua (CC), em ambientes residenciais e de escritórios, torna-se vital assegurar que todos os componentes envolvidos nesses sistemas de energia eléctrica respeitam elevados padrões de eficiência e fiabilidade. Actualmente, os níveis de fiabilidade de alguns desses componentes são consideravelmente limitados. O desenvolvimento deste projecto visa assim impulsionar o desenvolvimento de sistemas de energia eléctrica baseados em CC, em ambientes residenciais e de escritórios, propondo soluções que tornem os componentes considerados vitais nos sistemas de energia eléctrica em CC mais eficientes e robustos.

 

 

 

Professor Doutor António João Marques Cardoso Coordenador Científico do CISE – Centro de Investigação em Sistemas Electromecatrónicos e Investigador Responsável do Projecto Ef&RelDC@HomO

O projecto Ef&RelDC@HomO tem por objetivo desenvolver tecnologias essenciais à melhoria da eficiência energética nos processos de fornecimento de energia em corrente contínua, dando resposta à crescente gama de equipamentos utilizados em residências e escritórios que requer energia em corrente contínua. O apoio COMPETE 2020 configurou uma importante mais-valia, potenciando a realização de actividades de investigação de excelência, em domínios de interesse comum e que assumem importância crescente no contexto actual, como é a transição energética e a economia verde. Através do desenvolvimento de tecnologias fundamentais à implementação de sistemas de energia mais eficientes, sustentáveis e resilientes, o apoio atribuído permitiu posicionar Portugal enquanto elemento-chave no desenvolvimento de actividade de I&D ligadas àquele que pode ser um dos mais importantes avanços tecnológicos das próximas décadas – a adopção de sistemas de energia eléctrica baseados em corrente contínua, em ambientes residenciais e de escritórios.

 

 

 

O projeto Ef&RelDC@HomO está a ser desenvolvido no CISE - Centro de Investigação em Sistemas Electromecatrónicos e é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do SAICT - Sistemas de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de cerca de 240 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 204 mil euros.