Entrevistámos Joana Carvalho, Coordenadora para o Desenvolvimento e Inovação no CVR – Centro para a Valorização de Resíduos sobre o projeto Wast'Awareness, cofinanciado pelo COMPETE 2020 cuja motivação prendeu-se com a «necessidade de garantir um aproveitamento ótimo dos resultados de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID+i) e assegurar a transferência de tecnologias ready-to-market para as empresas».

 

 

Cofinanciado pelo COMPETE 2020, o projeto Wast'Awareness visa concretizar a transferência de resultados de ID e tecnologias Ready-to-Market junto de empresas do Norte, Centro e Alentejo com foco estratégico nos setores agroalimentar e metalúrgica/metalomecânica. Joana Carvalho, Coordenadora para o Desenvolvimento e Inovação no CVR – Centro para a Valorização de Resíduos faz um ponto de situação do projeto. 

 

 

 

 

 

O projeto Wast'Awareness - Transferência de Tecnologia na Valorização de Resíduos e Sustentabilidade, nasceu da visão e missão do CVR – Centro para a Valorização de Resíduos, reconhecido como CTI – Centro de Tecnologia e Inovação. Nesta qualidade de entidade que integra o sistema nacional de ciência e tecnologia, e atuando no espaço intermédio do sistema de inovação, o CVR dedica-se à produção, difusão e transmissão de conhecimento orientado para as empresas e para a criação de valor económico.

 

A principal motivação e grande força motriz deste projeto, prendeu-se com a necessidade de garantir um aproveitamento ótimo dos resultados de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID+i) e assegurar a transferência de tecnologias ready-to-market para as empresas.

 

Entre os principais objetivos operacionais a atingir com o projeto WAST’AWARENESS, contaram-se, a promoção da aproximação das empresas às instituições de produção de tecnologias e inovação, e a sua capacitação para apostar em ID+i, como forma de aumentar a sua competitividade. 

 

 

 

A concretização do objetivo de aproximar o tecido empresarial aos Centros de saber, envolveu a organização de um conjunto de eventos e outras iniciativas em formatos inovadores, capazes de gerar sinergias entre os múltiplos agentes, em várias regiões do País (Norte, Centro e Alentejo), com características industriais heterogéneas, propiciando a criação de parcerias de inovação e transferência efetiva de tecnologia. Este é, talvez, o elemento verdadeiramente diferenciador deste projeto.

 

A forte aposta nos momentos de networking em formatos menos convencionais, como o exemplo dos ‘expo-lunch – almoços tecnológicos’, onde protótipos demonstradores de tecnologia foram apresentados diretamente às empresas, através de provas de conceito, num ambiente de alguma informalidade, permitiu potenciar a reflexão entre diferentes players do tecido empresarial, de zonas geográficas distintas, promovendo diretamente a criação de conhecimento e a disseminação das tecnologias.

 

Outro exemplo são os Demodays, onde foram igualmente promovidos os desenvolvimentos tecnológicos, desta feita com recurso a material promocional em formatos também inovadores e integralmente digitais, com o objetivo de transmitir e quantificar os benefícios das tecnologias aos empresários de vários setores, para que possam vir a aplicar, desenvolver ou comercializar este conhecimento.

 

 

 

É importante destacar que todos os indicadores de realização foram cumpridos, o que nos deixa, enquanto instituição, incrivelmente satisfeitos e orgulhosos da execução deste projeto. Foi particularmente relevante e talvez por isso seja de realçar, que os momentos de networking e reflexão conjunta interempresarial, envolvendo a participação de mais de 500 pessoas, funcionaram de forma efetiva e mensurável na criação de conhecimento e disseminação de boas práticas. Daqui decorre o estabelecimento de protocolos de colaboração resultantes em vários projetos de investigação, um pedido de patente e dois protótipos demonstradores. Foram ainda produzidas cinco fichas de tecnologia, apresentando, não apenas a habitual visão técnica, mas também uma forte componente económica, de diversas tecnologias desenvolvidas no Centro, em estádios de maturidade e TRL elevados, que puderam ser diretamente apresentadas ao tecido empresarial, na ótica da sua endogeneização. 

 

O CVR viu, desta forma, consolidada a sua posição como representante da inovação colaborativa e forte impulsionador da competitividade do tecido económico português, alcançando excelentes resultados e promovendo uma dinâmica a que o Centro pretende dar continuidade. 

 

 

 

De uma forma genérica, os principais desafios deste projeto foram dois, o primeiro corresponde à dificuldade na seleção da matéria crítica, nomeadamente, das tecnologias para disseminação, encontrando um compromisso entre o potencial de inovação e a capacidade de endogeneização pelo mercado, nas suas vertentes técnica e económica.

O segundo grande desafio, que é um denominador comum a todos os projetos que envolvem transferência de conhecimento, está diretamente relacionado com a seleção do público-alvo, a intervenção ao nível setorial e a identificação da forma ideal de promover o engagement do tecido empresarial, de vencer o ceticismo de alguns setores industriais e dinamizar os conteúdos tecnológicos junto dos mercados e empresas que os possam, efetivamente, absorver e utilizar.

 

Em qualquer dos casos, consideramos que o CVR ultrapassou estes desafios, potenciando o seu papel de participante ativo da rede de inovação para a competitividade económica nacional, na sua capacidade de gerar e transferir conhecimento, sob o princípio de que os resíduos são recursos e que é fundamental valorizá-los.

 

 

 

O projeto Wast'Awareness é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio às Ações Coletivas (SIAC) e envolve um investimento elegível de 387 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de 329 mil euros.

 

 

 

Artigo “Wast'Awareness: Transferência de Tecnologia na Valorização de Resíduos e Sustentabilidade”, de 08/09/2022