Regenera: Investigação nacional da Universidade do Porto aposta em terapias celulares veterinárias

Leia a entrevista a André Fernandes, Diretor da Universidade do Porto Inovação sobre o projeto Regenera que visa a proteção e valorização económica da tecnologia para o tratamento de doenças musculoesqueliticas através de células estaminais.

Cofinanciado pelo COMPETE 2020, este projeto desenvolveu tecnologia aplicada a terapias celulares para patologias musculoesqueléticas de extrema relevância na saúde e bem-estar, medicina desportiva humana e veterinária. O que motivou os investigadores foi o facto de que perto de um terço dos cavalos de corrida termina a sua jornada com uma lesão grave que, na maioria dos casos, nem uma cirurgia consegue resolver.
 
 
Regenera: Projeto de proteção e valorização económica da tecnologia para o tratamento de doenças musculoesqueliticas através de células estaminais
 
 
1. Síntese
 
A investigação no âmbito do projeto Regenera tem como foco o desenvolvimento de terapias celulares veterinárias, através de células estaminais. Isto surgiu após a constatação de que perto de um terço dos cavalos de corrida termina a sua jornada com uma lesão grave que, na maior parte dos casos, nem a cirurgia consegue resolver. Partindo desse problema, a equipa de investigação começou a testar o uso de células estaminais e terapias celulares para promover a regeneração dos tecidos danificados, de modo a possibilitar uma cura mais rápida e eficiente, e permitindo que o cavalo volte a correr. 
 
Veja o vídeo "Running doesn't have to be painful" sobre o projeto Regenera

 

2. Entrevista  

 
André Fernandes | Diretor da Universidade do Porto Inovação
 

2.1. Como nasceu o projeto Regenera? Quais foram as principais motivações?

O projeto surgiu quando a equipa do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) foi confrontada com o dado de que perto de um terço dos cavalos de corrida termina a sua jornada com uma lesão grave que, na maior parte dos casos, nem uma cirurgia consegue resolver. Partindo desse problema, as investigadoras começaram a testar o uso de células estaminais e terapias celulares para promover a regeneração dos tecidos danificados, de modo a possibilitar uma cura mais rápida e eficiente, e permitindo que o cavalo recupere da lesão e volte a correr. Até ao momento, esta terapêutica já foi utilizada em cavalos e em cães, aliviando dores nas articulações e permitindo a regeneração de tendões e ligamentos.  

2.2. O que considera ser o elemento diferenciador no projeto?

O projeto Regenera centra-se numa formulação contendo dois tipos diferentes de células estaminais, alogénicas e de natureza mesenquimatosa, em que cada tipo de célula confere diferentes atividades terapêuticas que são cumulativas, e atuam sinergisticamente na promoção do efeito regenerativo de forma eficiente e eficaz. Portanto, o elemento diferenciador neste projeto está na sinergia fornecida pelos dois tipos diferentes de células estaminais usadas: as da membrana sinovial, que permitem a diferenciação do tecido musculosquelético, e as do tecido do cordão umbilical, que permitem a secreção de fatores de crescimento específicos para a indução da regeneração tecidular. Além disso, o facto de as células serem alogénicas (em vez de autólogas), isoladas a partir de um dador universal, faz com que as formulações/produto sejam off-the-shelf, e por isso disponíveis no imediato, permitindo a sua aplicação na fase aguda da lesão, que é a janela de eficácia terapêutica ideal.

2.3. Qual a importância de uma patente no processo de inovação?

Podemos ver este instrumento legal da perspetiva individual e também da perspetiva coletiva. Do ponto de vista individual, quem realiza um pedido de patente de uma invenção habilita-se a obter o direito exclusivo de produzir e comercializar essa invenção. Trata-se de um monopólio que dura 20 anos. A segurança legal da obtenção deste monopólio incentiva agentes de inovação a investirem na arriscada e incerta atividade de investigação e desenvolvimento de novas soluções. Do ponto de vista coletivo, se, por um lado, o Estado confere um monopólio, por outro, quem realiza um pedido de patente também passará, para o domínio público, informação sobre a invenção. Esse conhecimento, uma vez tornado público, poderá ajudar mais agentes de inovação a progredir na área científica e tecnológica da invenção.

 

2.4. A Universidade do Porto é líder no pedido de patentes? Uma aposta que enquadram numa política de transferência de conhecimento?

A Universidade do Porto tem assumido posições cimeiras nos rankings portugueses de requerentes de patentes nacionais e internacionais. A título ilustrativo, referimos a posição de liderança das entidades do ecossistema da U.Porto nos pedidos de patente europeia em 2020 (ler notícia aqui). 

Esta posição não é alheia ao facto da U.Porto ser a maior produtora de ciência do país. Também não é alheia à aposta da Universidade na proteção e valorização dos resultados de investigação que obtém. 

A U.Porto realiza pedidos de patente em invenções com probabilidade de cumprirem os requisitos de patenteabilidade e, ao mesmo tempo, com potencial de se transformarem em novos produtos, serviços, processos ou soluções. 

Estes pedidos de patente facilitam o processo de transferência de conhecimento pela vantagem competitiva que conferem às empresas interessadas em explorar comercialmente os resultados de investigação da Universidade do Porto.

 

2.5. Qual a mais-valia do apoio do COMPETE 2020?

O apoio do COMPETE 2020 na proteção nacional e internacional por patente de resultados de investigação da Universidade do Porto tem permitido à Universidade realizar ações comerciais junto do setor empresarial e divulgar esses resultados a nível internacional de forma mais segura e assertiva.

O apoio do COMPETE 2020 tem também permitido à Universidade investir por mais tempo em processos de patente, o que possibilita a maturação tecnológica das invenções, a elaboração de propostas de valor mais sólidas e o aumento do poder negocial da Universidade, elevando o retorno económico para as empresas que tomem as tecnologias, para os/as inventores/as, para a U.Porto, o Estado Português e a União Europeia. 

 

3. Apoio do COMPETE 2020 

O projeto Regenera, promovido pelo ICBAS- Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do SAICT - Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (Propriedade Intelectual), envolvendo um investimento elegível de cerca de 22 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de 18 mil euros.

 

4. Links

> Vídeo sobre o Projeto REGENERA 

> Universidade do Porto 

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> ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto 

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29/04/2021 , Por Cátia Silva Pinto
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