E se um kit detetasse alérgenos nos alimentos?

Falámos com a equipa responsável na ControlVet sobre o projeto Allergen Screen, cofinanciado pelo COMPETE 2020 que visou conceber, desenvolver e comercializar um kit de deteção de alérgenos para o setor alimentar.
 
 
1. Testemunho
 
1.1 Âmbito
 
O projeto Allergen Screen iniciou-se em 2018 e terminou em 2020 tendo como objetivo desenvolver uma solução que permitisse identificar, numa amostra de alimento, as espécies biológicas consideradas alergénicas e/ou potencialmente causadoras de intolerâncias alimentares.
 
Apesar do elevado know-how e experiência da Controlvet, este projeto era um verdadeiro desafio. Desde logo, refira-se que o grupo dos alergénios inclui um grande número de espécies vegetais e animais. Como tal, foi necessário investigar para contornar esses casos, de forma a conseguir-se uma solução que permitisse a identificação fiável e específica de todos os ingredientes/organismos que compõem um determinado produto alimentar. 
 
 
1.2 Resultados 
 
Os resultados obtidos permitiram a aplicação da tecnologia de NGS para identificação/deteção de organismos de origem vegetal, e animal pela tecnologia de NGS. Todas as metodologias desenvolvidas permitem a identificação das espécies de organismos presentes em todo o tipo de amostras alimentares ao nível da espécie de peixes , crustáceos, mamíferos e aves. No caso das espécies vegetais dada a diversidade e complexidade do seu genoma e dos múltiplos cruzamentos entre espécies em alguns casos é apenas possível a identificação ao nível do género.
 
O limite de deteção da técnica situa-se nos 5000 ppm o que, comparativamente, com outras metodologias de deteção de alergénios, é demasiado alto e incompatível com a sensibilidade requerida impedindo a aplicação da tecnologia para o seu objetivo inicial: a deteção de alérgenos em amostras alimentares.
 
Não obstante, foi possível evoluir face ao mercado, para aplicar as metodologias desenvolvidas para a deteção de fraude alimentar, permitindo identificar de forma precisa as espécies (vegetais/plantas, peixes,  crustáceos, mamíferos e aves) presentes, sem a necessidade em qualquer tipo de amostra alimentar mesmo quando complexas e múltiplos ingredientes de varias origens fazem parte da sua composição.
 
A tecnologia de NGS aplicada à deteção de fraude permite a deteção de componentes alimentares não antecipados, o que era impossível de realizar anteriormente.
 
1.3 Conclusão
 
O trabalho realizado permitiu a implementação e desenvolvimento de 4 novos serviços ao serviço da fraude alimentar:
 
1) Identificação de espécies de peixes- NGS
2) Identificação de espécies de mamíferos e aves - NGS
3) Identificação de espécies de plantas/vegetais- NGS
4) Identificação de espécies de crustáceos- NGS
 
Todas as metodologias estão já disponibilizados  pela ALS e ao serviço dos seus clientes e já se encontram acreditadas pelo IPAC. Com este trabalho foi também possível ao laboratório obter acreditação flexível para implementação e validação e acreditação de ensaios de identificação de espécies baseadas na tecnologia de NGS, reconhecendo assim ao laboratório o mérito e competência para desenvolver novas aplicações a tecnologia de NGS não só para a área alimentar como para outras áreas como a área ambiental ou microbiologia.
 
De salientar que as metodologias desenvolvidas e resultantes do trabalho realizado durante este projeto têm um elevado potencial de serem convertidas num kit laboratorial para identificação de fraude que poderá ser aplicado e usado em qualquer laboratório do mundo.
 
 
2. Apoio do COMPETE 2020
 
O projeto Allergen Screen conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, envolvendo um investimento elegível de cerca de 669 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 393 mil euros.
 
3. Links
 
 
ControlVet 

05/03/2021 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
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União Europeia