DeepFloat é o nome do projeto que visou criar um sistema inovador de variação de flutuação

Claudia Matos Pinheiro, Presidente do Conselho de Administração da A. Silva Matos deu uma entrevista ao COMPETE 2020 onde explanou o âmbito e os principais resultados do projeto DeepFloat” e a importância do apoio dos fundos comunitários.

1. Enquadramento

O projeto DeepFloat surge num contexto de gradual crescimento das operações subaquáticas (seja em mar aberto, rios ou mesmo minas submersas) com recurso à utilização de veículos submarinos, controlados a partir de um navio ou duma base de apoio. Atendendo a este cenário, e como resultado do desenvolvimento das tecnologias de Ciências do Mar, é necessário incrementar a flexibilidade dos equipamentos existentes.

É preciso ter-se em conta que o movimento dos veículos submarinos é realizado pelo controlo de flutuabilidade ou através de dispositivos de impulso, como por exemplo, motorização elétrica com hélice ou com recurso a movimentos localizados. Neste sentido, e devido ao elevado grau de exigência da realização destas tarefas, urge criar soluções que permitam uma maior capacidade de adaptação aos requisitos dos diversos veículos.

Assim, este projeto visou desenvolver um sistema de variação de lastro flexível para aplicações submarinas de profundidade e com capacidades avançadas de controlo. Desta forma, pretende-se alargar as operações possíveis em ambientes de elevadas pressões externas, bem como reduzir o consumo de energia utilizada e maximizar a longevidade da carga útil. Este sistema é suscetível de utilização em diferentes operações - como transporte de materiais ou ferramentas - em vários veículos submarinos e em ambientes de água doce e salgada, permitindo uma flutuabilidade em profundidades oceânicas até aos quatro mil metros.

2. Entrevista

	Entrevistámos a Engª Claudia Matos Pinheiro, Presidente do Conselho de Administração da A. Silva Matos
Quais foram os principais desafios com que se deparam no desenvolvimento do projeto DeepFloat?	O projeto DEEPFLOAT teve como principal desafio o desenvolvimento de tecnologias de flutuabilidade para 4000m de profundidade, ou seja, que suportassem uma pressão de sensivelmente 400bar. As tecnologias existentes no mercado são muitas até 300m de profundidade, algumas até 1000m de profundidade. No entanto são escassas acima disso. Este tipo de desenvolvimento tecnológico insere-se num nicho de mercado muito especifico e com grande utilidade e aplicação, sobretudo em mercados relacionados com prospeção de matérias primas, combustíveis fósseis e inspeção de infraestruturas subaquáticas.
De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?	De entre as tecnologias de flutuabilidade desenvolvidas, a de maior destaque foi um sistema dinâmico de variação de flutuabilidade compatível com funcionamento até 400bar. Este sistema permite variar a flutuabilidade do sistema robótico a transportar, gerindo, assim, a capacidade de subir e descer na coluna de água com baixo consumo de energia. Estes resultados com grande impacto na comunidade técnica na área de engenharia oceânica para mar profundo, tem grande potencial futuro.
Qual o contributo do COMPETE 2020 para o percurso da Vossa empresa?	O COMPETE 2020 foi determinante para a estratégia de crescimento e inovação da empresa. A natureza dos projetos de IDT requer, forçosamente, apoio financeiro, sendo este crucial numa PME. Deste modo, o  COMPETE 2020 permitiu materializar os nossos objetivos de internacionalização e de inovação, sendo o seu contributo essencial para a concretização da estratégia da empresa, no domínio da economia do mar.