ECO4COFFEE: Pela criação de embalagens mais ecológicas sem comprometer a qualidade e vida útil do café torrado moído
1. Breve histórico da empresa
A Delta Cafés nasceu em Campo Maior, em 1961, pela mão de Rui Nabeiro. Posteriormente, o crescimento da empresa, e o desenvolvimento observado no sector do café em Portugal, levou à separação entre as atividades produtivas e de carácter comercial da empresa, tendo sido criada a Manuel Rui Azinhais Nabeiro Lda. para assegurar a atividade comercial e a Novadelta, S.A. para executar a atividade industrial.
Inicia-se assim, em janeiro de 1985, a atividade da Novadelta, responsável pela torrefação, empacotamento e comercialização de café da marca Delta Cafés, para o mercado interno e externo.
A emergência de novas tipologias de negócio, a necessidade de desenvolvimento de novos produtos e a exigência crescente da prestação de um serviço global, alargado a áreas complementares ao café, implicaram o redesenho do negócio que culminou, em 1998, na reengenharia do Grupo Nabeiro/Delta Cafés.
A necessidade de diversificação levou à constituição de 25 empresas nos mais variados sectores: Indústria; Serviços; Comércio; Agricultura; Imobiliário; Hotelaria e Distribuição, organizados por áreas estratégicas.
As empresas do Grupo Nabeiro têm evoluído de uma forma contínua e sólida.
Um ponto-chave recente na evolução da atividade da Novadelta consistiu na entrada em 2007 no mercado de comercialização de café em cápsulas.
A investigação e a inovação sempre se assumiram como compromissos intrínsecos à cultura organizacional da Novadelta, uma vez que constituem áreas de competitividade críticas do negócio. Nesse contexto, a Empresa tem vindo a apostar continuamente tanto em projetos de I&D, como de Inovação Produtiva, com impacto ao longo de todo o seu processo produtivo e ciclo de vida dos seus produtos, tendo os mesmos originado ao longo do tempo a criação e melhoria de novos produtos e processos.
2. O projeto Eco4Coffee
O café constitui uma bebida popular em todo o mundo, sendo preparado de diversos modos de acordo com a tradição e costumes locais. Um desses modos é o chamado café expresso, cujos hábitos de consumo se têm globalizado e aumentado significativamente nos últimos anos. Um dos motivos que sustenta esta popularidade prende-se com a possibilidade de preparação do café expresso em casa, de uma forma prática e económica, com recurso a máquinas simples e relativamente baratas, da categoria dos eletrodomésticos. Neste contexto, destacam-se as máquinas de café que funcionam com cápsulas descartáveis, de dose individual, sendo habitualmente compostas por plástico ou por alumínio, isto é, por materiais não biodegradáveis. Embora comecem a existir no mercado algumas alternativas de cápsulas de café menos prejudiciais ao ambiente, o impacto destas embalagens constitui, na atualidade, um sério problema de poluição. A previsão de grande crescimento a nível global, do mercado das cápsulas de café nos próximos anos, constitui uma séria preocupação para a sociedade em geral, assim como para as indústrias com consciência ambiental e responsabilidade social.
Assim, face à problemática descrita, os problemas que o projeto Eco4Coffee ambiciona resolver são o impacto ambiental negativo das cápsulas de café atuais (nomeadamente cápsulas à base de polipropileno), a utilização e valorização de um dos resíduos da indústria do café (a cascarilha), e a utilização de biopolímeros que, por serem de origem natural, não contêm adição de moléculas com propriedades cancerígenas, como o bisfenol-A.
O projeto Eco4Coffee irá desenvolver produtos inovadores e únicos no mercado da indústria do café à base da própria cascarilha de grão de café - gerando novo conhecimento científico na área dos materiais compósitos e grau de inovação elevado.
A estratégia passa pela síntese de materiais compósitos adequados a cada aplicação concreta, sendo dada preferência a compósitos essencialmente constituídos por matrizes de biopolímeros selecionados, reforçadas com fibras naturais de cascarilha de café. Os polímeros atualmente utilizados, embora possam ser reciclados para outras aplicações, acabam na maior parte das vezes por serem simplesmente depositados em aterro onde irão permanecer durante centenas de anos por não serem biodegradáveis.
O projeto Eco4Coffee surge com o objetivo de criar embalagens de café pró-ambiente, empregando, para esta produção, a utilização de materiais biodegradáveis e resíduos valorizados. As soluções propostas passam pela produção de novos materiais compósitos biodegradáveis, reforçados com fibras naturais de origem vegetal. Mais concretamente, pretende-se introduzir a cascarilha do café, o resíduo proveniente do processamento agroindustrial dos grãos de café, em quantidade substancial nas embalagens. Por um lado, valoriza-se um resíduo do café e, por outro, reduz-se a pegada ambiental do produto final, assim como, muito provavelmente, os seus custos de produção.
Esta inovação irá resolver problemas de impacto ambiental associados às embalagens convencionais, visando a redução de 100% de polímeros de origem petroquímica e o reaproveitamento e valorização de 80% da cascarilha de café, indo assim ao encontro das preocupações ambientais dos consumidores.
Uma outra classe de problemas que estes novos compósitos poderão resolver está relacionada com as limitadas propriedades barreira dos materiais, que são dependentes das suas propriedades físicas (como a porosidade) e obviamente, das suas propriedades químicas. De modo a aumentar a impermeabilidade ao oxigénio e ao vapor de água, seguir-se-á uma abordagem robusta de adição de nanopartículas cerâmicas. A adição destas nanopartículas cerâmicas poderá ser especialmente importante nos compósitos de matriz polimérica biodegradável de origem natural cuja interação com a água é tipicamente superior à dos polímeros poliolefínicos.
Os materiais serão sintetizados, caracterizados e testados à escala laboratorial e semi-industrial, seguindo-se a produção das respetivas embalagens-modelo. O seu desempenho será avaliado e comparado com produtos concorrentes no mercado.
Carla Rodrigues, Coordenadora Técnica e Científica do Projeto |
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3. O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, envolvendo um investimento elegível de 505 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 278 mil euros.